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São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011 
   
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Grupo invade casa onde viveu família Buarque de Holanda 

Ex-estudantes afirmam que ocupação é política e falam em criar uma biblioteca no imóvel do Pacaembu

Prefeitura desapropriou imóvel em 2007, mas, desde então, não usou espaço para finalidades culturais, como previsto


DE SÃO PAULO

Ex-estudantes da PUC, da Faap e da USP ocuparam a casa onde viveu a família Buarque de Holanda, no Pacaembu (zona oeste de SP).
Batizado de "Comboio Universo Cidade", o grupo protesta contra as "soluções urbanísticas, arquitetônicas e sociais no governo Lula" e contra o uso do "Exército" no morro do Alemão, no Rio.
A ocupação ocorreu em em 31 de dezembro com um ato simbólico: dois dos membros do grupo entraram nus no quintal da casa, cada qual com um livro sob o braço; uma das obras era "Raízes do Brasil", clássico do historiador Sergio Buarque de Holanda (1902-1982).
Holanda mudou-se para o casarão da rua Buri em 1957 com mulher e filhos. Lá, o cantor e compositor Chico Buarque e a cantora Ana de Hollanda, atual ministra da Cultura, presenciaram saraus frequentados por poetas e grandes nomes da MPB.
Formado por cerca de 30 pessoas, o "Comboio" pretende fundar uma "universidade livre que produzirá conteúdo próprio" e abrir uma biblioteca pública no imóvel. "A ocupação é política. Não queremos morar", afirma o "interventor urbano" Caio Castor, 27, formado em economia na PUC, um dos integrantes a entrar nu na casa.
Morador do bairro, Castor conta que o imóvel estava abandonado. De fato, o casarão da rua Buri está desocupado há pouco mais de um ano -a prefeitura comprou o imóvel em 2007 e tomou posse dois anos depois. Uma ex-funcionária da família Buarque de Holanda morava ali.
Ele defende a ocupação como forma de chamar a atenção da prefeitura, que, ao comprar o imóvel, planejava usá-lo como centro cultural. O projeto do município, porém, não foi adiante.

POLÍCIA
Incomodados com a invasão, vizinhos chamaram a polícia ao menos três vezes, a última delas ontem. Um termo circunstanciado, espécie de boletim de ocorrência para crimes de menor potencial, chegou a ser registrado na delegacia.
Caio Castor sustenta que o grupo não comete crime, pois a casa, vazia, não cumpre função social.
Sob a condição de anonimato, um vizinho com quem a Folhaconversou criticou o movimento pela invasão a um imóvel público.
A Associação de Moradores Viva Pacaembu limitou-se a dizer que o zoneamento do bairro só permite uso estritamente residencial.
Em nota, a prefeitura informou que o imóvel abrigará um centro de estudos de educação. O prédio, segundo a nota, será reformado e ganhará posto de vigilância 24 h -há restrições a obras, no entanto; o imóvel está em processo de tombamento pelo município e o Pacaembu é tombado pelo Condephaat (órgão estadual).
Uma equipe da Subprefeitura da Sé esteve no local na terça-feira, mas não encontrou ninguém. A prefeitura disse ainda que fechará a porta dos fundos da casa, que está aberta, na segunda.
Por meio da assessoria de imprensa, a ministra Ana de Holanda afirmou que o uso do imóvel compete ao município e que acredita que a Secretaria da Educação fará "bom uso" dele.
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